domingo, 11 de outubro de 2009

quinta-feira, 5 de março de 2009

MODELOS DA COMUNICAÇÃO

Um modelo procura mostrar os principais elementos de qualquer estrutura ou processo e as relações entre esses elementos, possibilitando assim o seu estudo. Um modelo representa uma forma ideal de representação simbólica de uma coisa, processo ou ideia, por isso, e no caso da comunicação, conhecer os modelos implica conhecer as formas ideais de comunicar.
O modelo de comunicação é a realidade simplificada do estudo da comunicação. É resultado de um desmontar dos diferentes elementos, para melhor compreender o funcionamento da comunicação.
Para se abordar com objectividade o estudo dos modelos de comunicação, dada a sua diversidade, houve a necessidade de um enquadramento, em quatro categorias, que reflectissem essa pluralidade. Em cada uma das categorias inscreve-se uma diversidade de autores e respectivos modelos que, em alguns casos, se diferenciam pela sua configuração gráfica.
Há quatro correntes de pesquisa sobre o processo de comunicação:

1- MODELOS DE BASE LINEAR
Todos os estudos relativos à comunicação enquanto fenómeno foram influenciados , directa ou indirectamente, pelo Cientista Social e Politólogo americano Harold Lasswell que decompunha o fenómeno da comunicação em cinco partes fundamentais, representando cada uma das partes um campo autónomo de estudos especializados. Preocupações relativas às ciências humanas ou preocupações mais técnicas e científicas, originaram múltiplos modelos de comunicação entre os quais, para além de Lasswell, surgiram Shannon, weaver e Schramm como os mais representativos.

1.1 - MODELO LINEAR DE LASSWELL
Este modelo foi o que teve mais impacto, no seu tempo (1948), e cujas premissas continuam válidas. Este modelo pretendia, de forma expedita e prática, descrever um acto de comunicar, explicando que a forma mais adequada de do fazer é responder às seguintes perguntas:

Quem? / Diz o quê? / Através de meio? / A quem? / Com que efeito?

Quem - Caracteriza o estudo dos emissores, ou seja, a análise do controlo sobre o que é difundido.
Diz o quê - Elabora a análise do conteúdo das mensagens.
Por que canal – Análise dos meios.
Com que efeito – Análise das audiências e dos efeitos.
O paradigma de Lasswell depressa se transformou numa verdadeira teoria da comunicação, durante algum tempo, em ligação estreita com a teoria da informação. Saliente-se o pressuposto de que a iniciativa era exclusivamente do comunicador e os efeitos recaiam exclusivamente sobre o público.
Premissas consistentes.
a) Esses processos são estritamente assimétricos, com um emissor activo que produz um estímulo a uma massa passiva de destinatários que, ao ser atingida pelo estímulo, reage;
b) A comunicação é intencional e tem por objectivo obter um determinado efeito. Os únicos efeitos que tal modelo torna pertinentes são os que podem ser observados, isto é, os que podem ser associados a uma modificação, a uma mudança de comportamentos atitudes, opiniões…;
c) Os papéis do comunicador e destinatário surgem isolados. Os efeitos dizem respeito a destinatários atomizados, isolados.
Esta decomposição em cinco partes do fenómeno da comunicação constituiu um meio de análise precioso, dando lugar a vários modelos lineares. Este modelo teve o inconveniente de ter suscitado várias abordagens importantes e decisivas, mas que não tinham ligação entre si e impediam a construção de uma síntese coerente do modelo, no seu todo.
Assim, na lógica do «quem» surgiram uma imensidão de estudos a tratar a problemática da produção e controlo do acto de comunicar; o segundo elemento, «diz o quê», proporcionou um aprofundamento do estudo do conteúdo das mensagens. «Por que canal», originou o aparecimento dos primeiros estudos sobre os media ( a rádio, a imprensa escrita, o cinema, a televisão…). O quarto elemento, «a quem», dedicou-se ao estudo das audiências ( estudos de mercado, estudos de opinião, as sondagens, público-alvo, análise de um auditório…)O último elemento, «com que efeito», pretende explicar e compreender o impacto dos media no grande público ( a análise dos efeitos).

1.1 - MODELO LINEAR DE SHANNON E WEAVER
O modelo de Shannon, concebido para representar essencialmente os aspectos técnicos das telecomunicações, inspirou vários estudiosos, à semelhança de Lasswell.
Neste modelo, a comunicação assenta na cadeia dos seguintes constituintes:
· Fonte de informação – Produz uma ou várias mensagens destinadas a serem comunicadas ao seu destino. As mensagens podem ser palavras escritas ou faladas, imagens, música…
· Transmissor – Transforma a mensagem em sinal de forma a ser transmitido pelo canal.
· Canal – Constitui o suporte físico indispensável para estabelecer uma comunicação entre dois elementos (fios, cabos, rede de ondas…).
· Fonte de ruídos – Interferências que prejudicam a transmissão perfeita da mensagem.
· O receptor – Descodifica a mensagem, recebendo o sinal transmitido e repõem-no numa forma compreensiva para o destinatário( na generalidade igual à mensagem original).
· Destino – Indica o ponto de chegada da mensagem. O destinatário tanto pode ser uma pessoa como uma máquina.

2- MODELO CIBERNÉTICO DA COMUNICAÇÃO
Os modelos cibernéticos são todos aqueles que integram a retroacção ou fedback como elemento regulador da circularidade da informação.
O primeiro autor a utilizar a palavra «cibernética» foi Platão, referindo-se à « arte de pilotagem», bem como, no sentido figurado, à arte de dirigir os homens.
Numa concepção moderna, enquanto ciência, foi Robert Wiener que a considerou como a « teoria da regulação de da comunicação», ou seja, a cibernética é a «arte de assegurar a eficácia da acção» , onde a retroacção, ganha papel principal. O conceito de retroacção ou feedback pretende referir o «fenómeno de retorno do efeito de divulgação de uma mensagem», ou seja, a resposta de uma audiência a um produto mediático (os estudos de mercado, os inquéritos de opinião…).
Na comunicação entre duas ou mais pessoas é o feedback que permite que a resposta se ajuste à pergunta do outro, não só nos aspectos linguísticos, mas também nos paralinguísticos.
Em suma, na teoria da comunicação o feedback é o mecanismo que garante a eficácia da acção.

3- MODELO DE COMUNICAÇÃO DE MASSAS
Neste modelo o emissor ou fonte de comunicação é colectivo ( jornal, rádio, TV…) As operações de descodificação, interpretação e descodificação são obra de diversos especialistas que utilizam fontes exteriores, no caso do jornal, serão os despachos das agências, as informações recolhidas pelos jornalistas ,…e têm em conta o feedback induzido ( no caso de um jornal, será constituído pelas cartas dos leitores, ou pelo aumento ou diminuição da tiragem). As mensagens emitidas são múltiplas, mas idênticas, é a mensagem original que é ampliada e dirigida para uma multidão de receptores que, cada um por si, a vai descodificar, interpretar e, por sua vez, codificar. Mas este processo não acaba aqui, cada receptor faz parte de um grupo e as mensagens difundidas pelos mass media vão prosseguir o seu caminho na sociedade através desses grupos.

4- MODELOS CULTURAIS OU CULTUROLÓGICOS
Esta corrente está mais preocupada com a cultura de massas e as suas repercussões na sociedade, do que com os próprios meios de comunicação de massas. É uma concepção mais sociocultural.
São representativos desta corrente o investigador francês Edgar Morin, passando por Pierre Schaeffer e Abraham Moles.
A característica fundamental é o estudo da cultura de massa distinguindo os seus elementos antroplógicos mais relevantes e a relação entre o consumidor e o objecto de consumo.
Edgar Morin desenvolve a tese segundo a qual a cultura de massas é o produto de um processo dialéctico entre criação, produção e consumo. O sucesso junto do grande público depende do grau de eficácia da resposta às aspirações e necessidades individuais. É pois uma espécie de relação de três elementos. À individualização da criação original, ele opõe a estandardização da produção conformista que permite a democratização do consumo cultural universal.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Utopia da Comunicação

A utopia promete sempre mais do que o que pode dar, mas podemos ver o problema em duas perspectivas diferentes. Aos olhos de quem impulsiona o projecto utópico a promessa concretiza-se. Wiener, com o seu projecto utópico, acreditava que uma sociedade de comunicação, era uma sociedade ideal, que dava lugar a um homem novo (Homo communicans). Este homem surgia numa tentativa de colmatar os destroços de uma civilização derrotada, fruto do tormento do sec.XX. Wiener via nos seres humanos seres sociais, inteiramente definidos pelas suas capacidades de comunicar socialmente. A vida não residia no biológico e nas qualidades intrínsecas, mas na comunicação com o exterior. O ser era totalmente constituído de informação, só entendido como ser comunicativo. Esta utopia, como qualquer utopia ou projecto imaginário, tem fracassos e é pouco exequível. No entanto, também acrecenta um contributo positivo à diferenciação da dinâmica social:a busca de algo superiormente organizado, a tentativa, ainda que muitas vezes frustrada, de assegurar a felicidade geral.
No meu entender, Wierner fracassou com esta utopia da comunicação, porque a solução para todas as disfunções da sociedade, não está na comunicação. Identifico-me mais com Breton, quando qualificou esta utopia " como a ilusão da libertação pela comunicação". Esta "ilusão" prende-se com o facto de a comunicação não ser suficiente para viver harmoniosamente e, também, porque a comunicação pode ser instrumentalizada.
Neste momento, somos mais ter humano e fazer humano do que ser humano. Será que emerge a necessidade de uma nova utopia?

sábado, 31 de janeiro de 2009

HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO

Desde o início dos tempos, o homem procura comunicar com os seus semelhantes. O primeiro passo foi criar a linguagem, mas demorou muito tempo até descobrir como deixar os seus registos.
A linguagem, como diz Maurice Fabre “ uma vez nascida, tornou-se imediatamente incoercível. Impossível abafá-la. Em nenhum lugar, mesmo no mais horrível, prisão ou campo de concentração reina o silêncio. Isolado o homem fala sozinho, e até muitas vezes em voz alta. Amordaçado, resta-lhe a linguagem interior. Irreprimível, a palavra é também prolífera. Para sair do limbo, o homem pensa. Exprimindo o seu pensamento, fala”.
A comunicação, tal como a conhecemos e a vulgarizamos hoje, passou por diferentes estádios de evolução e desenvolvimento. Jean Cloutier chama a estes estádios de evolução fases e destaca quatro fases. Elas apresentam-se sobrepostas e cada uma dá o seu contributo para reorganizar a relação do homem com o mundo.
Na primeira fase – comunicação interpessoal – o homem expressava-se através de gestos, do seu corpo e de sons. O homem era o único medium de comunicação. Isto implicava que todos os intervenientes partilhassem o mesmo espaço. Para comunicar à distância (vencer o espaço) ele tem de se deslocar ou incumbir alguém de o fazer por si, surge assim a figura do mensageiro – medium de comunicação. Para prolongar a mensagem no tempo, o homem confiava a sua comunicação a outros homens, os contadores, que assumiam a função de “memória do tempo”.
Posteriormente, numa segunda fase, o homem vai transpor o seu pensamento e os objectos do mundo que o rodeia para esquemas, desenhos, ritmo e música. Esta fase circunscreve-se às linguagens de transposição e chama-se comunicação de elite. Surgem os pictogramas feitos nas paredes das cavernas, consideradas as primeiras bibliotecas. Aos poucos o homem dispensa o gesto na linguagem e começa a poder comunicar à distância. Vence-se, de certo modo, o espaço e o tempo. As mensagens são registadas em papiro ou pergaminho e mais tarde em papel. É nesta altura que se desenvolvem vários sistemas de comunicação gráfica, para alguns privilegiados que as sabem dominar e, por isso, designa-se comunicação de elites.
A invenção da escrita deu início à história, tornou-se possível armazenar conhecimentos. A escrita passou a actuar como o instrumento de aproximação cultural e social. E, num desenvolvimento que durou séculos, o acumular de conhecimentos levou ao aparecimento do livro. Gutenberg assume aqui particular importância com a criação da imprensa e marca o início de uma nova fase.
A terceira fase, apelidada por Jean Cloutier de comunicação de massas, consiste numa amplificação de mensagens, dando resposta ao desejo do homem de as ver multiplicadas. Aparece a escrita associada à imagem que procura reunir e transmitir o conhecimento. Esta mudança deve-se ao desenvolvimento técnico e promove o aparecimento da literatura, da pintura e do teatro. A impressão das imagens, diferente da impressão das palavras, significou a criação de algo inteiramente novo e possibilitou enunciados pictóricos que podiam ser repetidos com exactidão. Isto teve efeitos incalculáveis sobre o saber e sobre a ciência, sobre o pensamento e sobre todo o tipo de tecnologias. Foi, depois da invenção da escrita, a invenção mais importante. Nesta fase, contrariamente ao que acontecia na comunicação de elites, o número de receptores passou a ser mais elevado.
No século XIX, surgem uma série de invenções associadas à generalização da imagem: o cartaz, a banda desenhada, a fotografia e o retrato. Nesta fase, a fotografia e o retrato ainda estava reservada aos ricos porque era morosa e dispendiosa.
Da imagem fixa à imagem animada – cinema – foi um passo. Em 1985, os irmãos Lumière construíram o primeiro aparelho de projecção cinematográfico.
Outro meio importante para o desenvolvimento da comunicação foi a radiodifusão. A rádio é um medium de amplificação, ultrapassa todas as distâncias. Permitia a todas as pessoas, que tivessem um posto receptor, ouvir a mensagem. A rádio possui o dom da ubiquidade e é considerada a primeira forma de comunicação de massas.
Com a televisão (caixa que mudou o mundo, segundo palavras de Marshall) o homem transformou o seu primeiro modo de expressão audiovisual. Agora pode utilizá-lo, em directo e à distância.
Os meios de comunicação de massas criaram uma sociedade nova, a sociedade de massas. Em virtude da influência dos meios de comunicação de massas, o mundo tende progressivamente a transformar-se numa “aldeia global”, onde as populações se orientam por modelos de vida muito idênticos e onde o conhecimento e a informação se propagam de uma forma quase instantânea.
A quarta fase da história da comunicação – comunicação individual – corresponde à técnica moderna, que possibilita a todos o acesso à gravação de sons e imagens, fornecendo ao homem novas linguagens, “a linguagens de registo”, e novos media – os media individuais ou self-media, transformando, assim, a comunicação numa comunicação individual. Os self-media, designados por Jean Cloutier, constituem novos tipos de escrita. Permitem registar e, por conseguinte, tratar, reconstituir e conservar cada uma das linguagens do homem. Graças aos self-media, o homem tem à sua disposição uma série de meios de comunicação, tanto para emitir, como para receber. Assim, a comunicação individual é, por um lado, a possibilidade de ter acesso a mensagens sempre disponíveis, conservadas nas linguagens mais apropriadas, e também a capacidade de se exprimir através da palavra falada, escrita, da imagem e do som. A comunicação, está a transformar a nossa sociedade. Todos nós sentimos a sua presença no nosso quotidiano, nas manifestações mais elementares de uma qualquer actividade. O homem é o ponto de partida e o ponto de chegada da comunicação. Já não é apenas informado, ele próprio informa e informa-se, num processo continuado para poder exercer o seu papel de comunicador por “excelência”, numa sociedade cada vez mais ávida de informação e onde o conhecimento se assume como valor e riqueza indiscutível.
Na sequência da perspectiva histórica apresentada, sublinho a palavra como a grande invenção dos homens. Todas as comunidades criaram a sua linguagem, porque, sem ela, seria impossível a formação das sociedades. A palavra é a moeda com que se faz o comércio das ideias. Falar, porém, não basta. A palavra falada é fugaz. É preciso que fique na memória dos presentes e como lição para os vindouros, daí a importância do alfabeto, que considero ter sido o verdadeiro instrumento de expressão com que o homem atingiu a “maioridade”.
Diz Maurice Fabre : “ Primeiro escreve-se, depois imprime-se, espalha-se por toda a parte, sempre mais longe e em maior quantidade, pelos meios mais diversos…”
Deixo aqui duas questões: Até onde podemos ir, no campo da comunicação? O que é que o futuro nos reserva?
Fontes:
Vaz Freixo, Manuel João, Teorias e Modelos de Comunicação, Instituto Piaget.
Fabre, Maurice, História da Comunicação, Moraes Editores .
Majello, Carlo, A Arte de Comunicar, Editorial Pórtico.


sábado, 24 de janeiro de 2009

Informação/comunicação

Nem toda a comunicação, entendida como troca de mensagens, comporta informação. Um poema, uma música, uma canção podem comunicar e exaltar sensações, estados de alma, emoções, mas, geralmente, não informam, a menos que sejam emitidas com um propósito informativo, diferente do seu propósito original

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

23 de Janeiro-Dia Mundial da Liberdade

Que tipo de Liberdade pretendemos?

Ano Novo

Ficção de que começa alguma cousa!
Nada começa:tudo continua.
Na fluida e incerta essência misteriosa
Da vida flui em sombra a água nua.

Curvas do rio escondem só movimento.
O mesmo rio flui onde se vê.
Começar só começa em pensamento

Fernando Pessoa, Poesia(1918-1930)