sábado, 31 de janeiro de 2009

HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO

Desde o início dos tempos, o homem procura comunicar com os seus semelhantes. O primeiro passo foi criar a linguagem, mas demorou muito tempo até descobrir como deixar os seus registos.
A linguagem, como diz Maurice Fabre “ uma vez nascida, tornou-se imediatamente incoercível. Impossível abafá-la. Em nenhum lugar, mesmo no mais horrível, prisão ou campo de concentração reina o silêncio. Isolado o homem fala sozinho, e até muitas vezes em voz alta. Amordaçado, resta-lhe a linguagem interior. Irreprimível, a palavra é também prolífera. Para sair do limbo, o homem pensa. Exprimindo o seu pensamento, fala”.
A comunicação, tal como a conhecemos e a vulgarizamos hoje, passou por diferentes estádios de evolução e desenvolvimento. Jean Cloutier chama a estes estádios de evolução fases e destaca quatro fases. Elas apresentam-se sobrepostas e cada uma dá o seu contributo para reorganizar a relação do homem com o mundo.
Na primeira fase – comunicação interpessoal – o homem expressava-se através de gestos, do seu corpo e de sons. O homem era o único medium de comunicação. Isto implicava que todos os intervenientes partilhassem o mesmo espaço. Para comunicar à distância (vencer o espaço) ele tem de se deslocar ou incumbir alguém de o fazer por si, surge assim a figura do mensageiro – medium de comunicação. Para prolongar a mensagem no tempo, o homem confiava a sua comunicação a outros homens, os contadores, que assumiam a função de “memória do tempo”.
Posteriormente, numa segunda fase, o homem vai transpor o seu pensamento e os objectos do mundo que o rodeia para esquemas, desenhos, ritmo e música. Esta fase circunscreve-se às linguagens de transposição e chama-se comunicação de elite. Surgem os pictogramas feitos nas paredes das cavernas, consideradas as primeiras bibliotecas. Aos poucos o homem dispensa o gesto na linguagem e começa a poder comunicar à distância. Vence-se, de certo modo, o espaço e o tempo. As mensagens são registadas em papiro ou pergaminho e mais tarde em papel. É nesta altura que se desenvolvem vários sistemas de comunicação gráfica, para alguns privilegiados que as sabem dominar e, por isso, designa-se comunicação de elites.
A invenção da escrita deu início à história, tornou-se possível armazenar conhecimentos. A escrita passou a actuar como o instrumento de aproximação cultural e social. E, num desenvolvimento que durou séculos, o acumular de conhecimentos levou ao aparecimento do livro. Gutenberg assume aqui particular importância com a criação da imprensa e marca o início de uma nova fase.
A terceira fase, apelidada por Jean Cloutier de comunicação de massas, consiste numa amplificação de mensagens, dando resposta ao desejo do homem de as ver multiplicadas. Aparece a escrita associada à imagem que procura reunir e transmitir o conhecimento. Esta mudança deve-se ao desenvolvimento técnico e promove o aparecimento da literatura, da pintura e do teatro. A impressão das imagens, diferente da impressão das palavras, significou a criação de algo inteiramente novo e possibilitou enunciados pictóricos que podiam ser repetidos com exactidão. Isto teve efeitos incalculáveis sobre o saber e sobre a ciência, sobre o pensamento e sobre todo o tipo de tecnologias. Foi, depois da invenção da escrita, a invenção mais importante. Nesta fase, contrariamente ao que acontecia na comunicação de elites, o número de receptores passou a ser mais elevado.
No século XIX, surgem uma série de invenções associadas à generalização da imagem: o cartaz, a banda desenhada, a fotografia e o retrato. Nesta fase, a fotografia e o retrato ainda estava reservada aos ricos porque era morosa e dispendiosa.
Da imagem fixa à imagem animada – cinema – foi um passo. Em 1985, os irmãos Lumière construíram o primeiro aparelho de projecção cinematográfico.
Outro meio importante para o desenvolvimento da comunicação foi a radiodifusão. A rádio é um medium de amplificação, ultrapassa todas as distâncias. Permitia a todas as pessoas, que tivessem um posto receptor, ouvir a mensagem. A rádio possui o dom da ubiquidade e é considerada a primeira forma de comunicação de massas.
Com a televisão (caixa que mudou o mundo, segundo palavras de Marshall) o homem transformou o seu primeiro modo de expressão audiovisual. Agora pode utilizá-lo, em directo e à distância.
Os meios de comunicação de massas criaram uma sociedade nova, a sociedade de massas. Em virtude da influência dos meios de comunicação de massas, o mundo tende progressivamente a transformar-se numa “aldeia global”, onde as populações se orientam por modelos de vida muito idênticos e onde o conhecimento e a informação se propagam de uma forma quase instantânea.
A quarta fase da história da comunicação – comunicação individual – corresponde à técnica moderna, que possibilita a todos o acesso à gravação de sons e imagens, fornecendo ao homem novas linguagens, “a linguagens de registo”, e novos media – os media individuais ou self-media, transformando, assim, a comunicação numa comunicação individual. Os self-media, designados por Jean Cloutier, constituem novos tipos de escrita. Permitem registar e, por conseguinte, tratar, reconstituir e conservar cada uma das linguagens do homem. Graças aos self-media, o homem tem à sua disposição uma série de meios de comunicação, tanto para emitir, como para receber. Assim, a comunicação individual é, por um lado, a possibilidade de ter acesso a mensagens sempre disponíveis, conservadas nas linguagens mais apropriadas, e também a capacidade de se exprimir através da palavra falada, escrita, da imagem e do som. A comunicação, está a transformar a nossa sociedade. Todos nós sentimos a sua presença no nosso quotidiano, nas manifestações mais elementares de uma qualquer actividade. O homem é o ponto de partida e o ponto de chegada da comunicação. Já não é apenas informado, ele próprio informa e informa-se, num processo continuado para poder exercer o seu papel de comunicador por “excelência”, numa sociedade cada vez mais ávida de informação e onde o conhecimento se assume como valor e riqueza indiscutível.
Na sequência da perspectiva histórica apresentada, sublinho a palavra como a grande invenção dos homens. Todas as comunidades criaram a sua linguagem, porque, sem ela, seria impossível a formação das sociedades. A palavra é a moeda com que se faz o comércio das ideias. Falar, porém, não basta. A palavra falada é fugaz. É preciso que fique na memória dos presentes e como lição para os vindouros, daí a importância do alfabeto, que considero ter sido o verdadeiro instrumento de expressão com que o homem atingiu a “maioridade”.
Diz Maurice Fabre : “ Primeiro escreve-se, depois imprime-se, espalha-se por toda a parte, sempre mais longe e em maior quantidade, pelos meios mais diversos…”
Deixo aqui duas questões: Até onde podemos ir, no campo da comunicação? O que é que o futuro nos reserva?
Fontes:
Vaz Freixo, Manuel João, Teorias e Modelos de Comunicação, Instituto Piaget.
Fabre, Maurice, História da Comunicação, Moraes Editores .
Majello, Carlo, A Arte de Comunicar, Editorial Pórtico.


3 comentários:

  1. Gostei do seu trabalho Ana Arminda, focou o mais importante e sempre bastante detalhado.
    É de facto uma boa pergunta, o que será daqui para a frente...penso que essa evolução será sempre inovadora e vantajosa mas cabe a nós enquanto sociedade e professores não deixar que essa evolução apague o anterior tal como tem sucedido até hoje.

    cpt
    Ana Trino

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  2. Arminda,
    parabéns pela forma completa como apresenta o tema. Creio que quem não conhece o tema fica bem informado ao ler o seu post.

    Obrigado
    PPM

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  3. Arminda,
    parabéns pela forma completa como trata o tema.
    Acredito que uma pessoa que não conheça o tema fica informado ao ler o seu post.

    Bom trabalho
    PPM

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