sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Utopia da Comunicação

A utopia promete sempre mais do que o que pode dar, mas podemos ver o problema em duas perspectivas diferentes. Aos olhos de quem impulsiona o projecto utópico a promessa concretiza-se. Wiener, com o seu projecto utópico, acreditava que uma sociedade de comunicação, era uma sociedade ideal, que dava lugar a um homem novo (Homo communicans). Este homem surgia numa tentativa de colmatar os destroços de uma civilização derrotada, fruto do tormento do sec.XX. Wiener via nos seres humanos seres sociais, inteiramente definidos pelas suas capacidades de comunicar socialmente. A vida não residia no biológico e nas qualidades intrínsecas, mas na comunicação com o exterior. O ser era totalmente constituído de informação, só entendido como ser comunicativo. Esta utopia, como qualquer utopia ou projecto imaginário, tem fracassos e é pouco exequível. No entanto, também acrecenta um contributo positivo à diferenciação da dinâmica social:a busca de algo superiormente organizado, a tentativa, ainda que muitas vezes frustrada, de assegurar a felicidade geral.
No meu entender, Wierner fracassou com esta utopia da comunicação, porque a solução para todas as disfunções da sociedade, não está na comunicação. Identifico-me mais com Breton, quando qualificou esta utopia " como a ilusão da libertação pela comunicação". Esta "ilusão" prende-se com o facto de a comunicação não ser suficiente para viver harmoniosamente e, também, porque a comunicação pode ser instrumentalizada.
Neste momento, somos mais ter humano e fazer humano do que ser humano. Será que emerge a necessidade de uma nova utopia?

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