quinta-feira, 5 de março de 2009

MODELOS DA COMUNICAÇÃO

Um modelo procura mostrar os principais elementos de qualquer estrutura ou processo e as relações entre esses elementos, possibilitando assim o seu estudo. Um modelo representa uma forma ideal de representação simbólica de uma coisa, processo ou ideia, por isso, e no caso da comunicação, conhecer os modelos implica conhecer as formas ideais de comunicar.
O modelo de comunicação é a realidade simplificada do estudo da comunicação. É resultado de um desmontar dos diferentes elementos, para melhor compreender o funcionamento da comunicação.
Para se abordar com objectividade o estudo dos modelos de comunicação, dada a sua diversidade, houve a necessidade de um enquadramento, em quatro categorias, que reflectissem essa pluralidade. Em cada uma das categorias inscreve-se uma diversidade de autores e respectivos modelos que, em alguns casos, se diferenciam pela sua configuração gráfica.
Há quatro correntes de pesquisa sobre o processo de comunicação:

1- MODELOS DE BASE LINEAR
Todos os estudos relativos à comunicação enquanto fenómeno foram influenciados , directa ou indirectamente, pelo Cientista Social e Politólogo americano Harold Lasswell que decompunha o fenómeno da comunicação em cinco partes fundamentais, representando cada uma das partes um campo autónomo de estudos especializados. Preocupações relativas às ciências humanas ou preocupações mais técnicas e científicas, originaram múltiplos modelos de comunicação entre os quais, para além de Lasswell, surgiram Shannon, weaver e Schramm como os mais representativos.

1.1 - MODELO LINEAR DE LASSWELL
Este modelo foi o que teve mais impacto, no seu tempo (1948), e cujas premissas continuam válidas. Este modelo pretendia, de forma expedita e prática, descrever um acto de comunicar, explicando que a forma mais adequada de do fazer é responder às seguintes perguntas:

Quem? / Diz o quê? / Através de meio? / A quem? / Com que efeito?

Quem - Caracteriza o estudo dos emissores, ou seja, a análise do controlo sobre o que é difundido.
Diz o quê - Elabora a análise do conteúdo das mensagens.
Por que canal – Análise dos meios.
Com que efeito – Análise das audiências e dos efeitos.
O paradigma de Lasswell depressa se transformou numa verdadeira teoria da comunicação, durante algum tempo, em ligação estreita com a teoria da informação. Saliente-se o pressuposto de que a iniciativa era exclusivamente do comunicador e os efeitos recaiam exclusivamente sobre o público.
Premissas consistentes.
a) Esses processos são estritamente assimétricos, com um emissor activo que produz um estímulo a uma massa passiva de destinatários que, ao ser atingida pelo estímulo, reage;
b) A comunicação é intencional e tem por objectivo obter um determinado efeito. Os únicos efeitos que tal modelo torna pertinentes são os que podem ser observados, isto é, os que podem ser associados a uma modificação, a uma mudança de comportamentos atitudes, opiniões…;
c) Os papéis do comunicador e destinatário surgem isolados. Os efeitos dizem respeito a destinatários atomizados, isolados.
Esta decomposição em cinco partes do fenómeno da comunicação constituiu um meio de análise precioso, dando lugar a vários modelos lineares. Este modelo teve o inconveniente de ter suscitado várias abordagens importantes e decisivas, mas que não tinham ligação entre si e impediam a construção de uma síntese coerente do modelo, no seu todo.
Assim, na lógica do «quem» surgiram uma imensidão de estudos a tratar a problemática da produção e controlo do acto de comunicar; o segundo elemento, «diz o quê», proporcionou um aprofundamento do estudo do conteúdo das mensagens. «Por que canal», originou o aparecimento dos primeiros estudos sobre os media ( a rádio, a imprensa escrita, o cinema, a televisão…). O quarto elemento, «a quem», dedicou-se ao estudo das audiências ( estudos de mercado, estudos de opinião, as sondagens, público-alvo, análise de um auditório…)O último elemento, «com que efeito», pretende explicar e compreender o impacto dos media no grande público ( a análise dos efeitos).

1.1 - MODELO LINEAR DE SHANNON E WEAVER
O modelo de Shannon, concebido para representar essencialmente os aspectos técnicos das telecomunicações, inspirou vários estudiosos, à semelhança de Lasswell.
Neste modelo, a comunicação assenta na cadeia dos seguintes constituintes:
· Fonte de informação – Produz uma ou várias mensagens destinadas a serem comunicadas ao seu destino. As mensagens podem ser palavras escritas ou faladas, imagens, música…
· Transmissor – Transforma a mensagem em sinal de forma a ser transmitido pelo canal.
· Canal – Constitui o suporte físico indispensável para estabelecer uma comunicação entre dois elementos (fios, cabos, rede de ondas…).
· Fonte de ruídos – Interferências que prejudicam a transmissão perfeita da mensagem.
· O receptor – Descodifica a mensagem, recebendo o sinal transmitido e repõem-no numa forma compreensiva para o destinatário( na generalidade igual à mensagem original).
· Destino – Indica o ponto de chegada da mensagem. O destinatário tanto pode ser uma pessoa como uma máquina.

2- MODELO CIBERNÉTICO DA COMUNICAÇÃO
Os modelos cibernéticos são todos aqueles que integram a retroacção ou fedback como elemento regulador da circularidade da informação.
O primeiro autor a utilizar a palavra «cibernética» foi Platão, referindo-se à « arte de pilotagem», bem como, no sentido figurado, à arte de dirigir os homens.
Numa concepção moderna, enquanto ciência, foi Robert Wiener que a considerou como a « teoria da regulação de da comunicação», ou seja, a cibernética é a «arte de assegurar a eficácia da acção» , onde a retroacção, ganha papel principal. O conceito de retroacção ou feedback pretende referir o «fenómeno de retorno do efeito de divulgação de uma mensagem», ou seja, a resposta de uma audiência a um produto mediático (os estudos de mercado, os inquéritos de opinião…).
Na comunicação entre duas ou mais pessoas é o feedback que permite que a resposta se ajuste à pergunta do outro, não só nos aspectos linguísticos, mas também nos paralinguísticos.
Em suma, na teoria da comunicação o feedback é o mecanismo que garante a eficácia da acção.

3- MODELO DE COMUNICAÇÃO DE MASSAS
Neste modelo o emissor ou fonte de comunicação é colectivo ( jornal, rádio, TV…) As operações de descodificação, interpretação e descodificação são obra de diversos especialistas que utilizam fontes exteriores, no caso do jornal, serão os despachos das agências, as informações recolhidas pelos jornalistas ,…e têm em conta o feedback induzido ( no caso de um jornal, será constituído pelas cartas dos leitores, ou pelo aumento ou diminuição da tiragem). As mensagens emitidas são múltiplas, mas idênticas, é a mensagem original que é ampliada e dirigida para uma multidão de receptores que, cada um por si, a vai descodificar, interpretar e, por sua vez, codificar. Mas este processo não acaba aqui, cada receptor faz parte de um grupo e as mensagens difundidas pelos mass media vão prosseguir o seu caminho na sociedade através desses grupos.

4- MODELOS CULTURAIS OU CULTUROLÓGICOS
Esta corrente está mais preocupada com a cultura de massas e as suas repercussões na sociedade, do que com os próprios meios de comunicação de massas. É uma concepção mais sociocultural.
São representativos desta corrente o investigador francês Edgar Morin, passando por Pierre Schaeffer e Abraham Moles.
A característica fundamental é o estudo da cultura de massa distinguindo os seus elementos antroplógicos mais relevantes e a relação entre o consumidor e o objecto de consumo.
Edgar Morin desenvolve a tese segundo a qual a cultura de massas é o produto de um processo dialéctico entre criação, produção e consumo. O sucesso junto do grande público depende do grau de eficácia da resposta às aspirações e necessidades individuais. É pois uma espécie de relação de três elementos. À individualização da criação original, ele opõe a estandardização da produção conformista que permite a democratização do consumo cultural universal.

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